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O Segredo da Cabana [Crítica]

“O Segredo da Cabana” apresenta uma abordagem inteligente, utilizando a metalinguagem e os clichês do terror completamente a seu favor. Com uma premissa aparentemente simplória, o filme dança e sapateia sob as convenções do gênero e os estereótipos dos personagens desses filmes genéricos. Tudo isso torna essa obra uma diversão alucinante que surpreende qualquer um, tanto um espectador desavisado, quanto alguém que já conheça o plot do longa.
Na trama, seguimos um grupo de adolescentes que vão para uma cabana no meio da floresta, totalmente isolada, mesmo depois de serem avisados de possíveis perigos. Percebendo coisas estranhas pela casa e objetos bizarros por todos os lados, eles relevam tudo aquilo e permanecem no local até que o óbvio se torna realidade. O que parece simplório e clichê esconde o contexto peculiar do filme que é o que está por traz desse contexto tão familiar.
Com toda certeza, o ponto central dessa obra é a metalinguagem e a subversão de clichês. Porém, o que vemos no primeiro ato do longa é uma clássica história genérica de qualquer outro filme do gênero, abraçando completamente as influências dos filmes genéricos. Só que mesmo nessa primeira parte, já existem piadas que escancaram o tom irônico e sarcástico dessa obra. É interessante perceber que os personagens, que no início pareciam apenas personificações de seus estereótipos, se transformam em pessoas mais interessantes e que apresentam mais conteúdo, mesmo que isso se revele em pequenos detalhes, já que muitos não tem muito tempo de tela, como em qualquer outro filme de terror. Mesmo assim, achei todos os personagens legais, tanto os de dentro da história quanto os “espectadores”.
Mesmo que a primeira parte seja divertida e cômica, como qualquer filme genérico de terror adolescente, o que mais chama atenção é o desenrolar final da obra. A segunda metade do filme é que subverte todas as expectativas e traz inúmeras referências legais ao gênero do horror. Não que essa segunda parte deixe de ser engraçada. Pelo contrário. A obra ganha um tom ainda mais caótico e frenético nesse desenrolar final. Além de referenciar outras obras clássicas, o filme também brinca com os próprios espectadores do gênero que anseiam, sedentos de sangue – literalmente – pelos mesmos clichês e conveniências pré-estabelecidas, sem qualquer abertura para outros pontos de vista ou estilos não convencionais.
Desde o começo do filme podemos observar um ritmo ágil da narrativa, aproveitando nosso conhecimento prévio em relação ao estilo do filme. Mesmo com essa agilidade, a narrativa ganha um bom desenvolvimento já que o subtexto sempre vem a tona e, a partir de certo ponto do filme, toma a dianteira da história. Quando mergulhamos completamente nessa história paralela podemos observar uma conclusão ainda mais frenética. Isso tornou o filme, para mim, uma experiência extremamente breve. Não que eu não tenha aproveitado, mas a forma como o tempo passou nessa filme foi extremamente veloz. Isso só mostra a forma como o filme me cativou.
A resolução surpreendente ainda apresenta um pequeno ar dramático para a história, mesmo que tudo termine do jeito esperado, pelo menos pra mim. Toda a subtrama têm uma conexão intrínseca com a realidade e reflete a própria plateia desses filmes. A metáfora do espectador apresenta a “empresa” que está por traz dos acontecimentos com duas facetas. Por um lado eles são o próprio meio cinematográfico que se adaptou tanto às preferências do público que transformaram esse gênero numa revisão constante das mesmas histórias, com pouca ou nenhuma criatividade. Por outro lado, temos os próprios envolvidos como a representação da plateia, do público, da audiência que anseia pelos mesmos clichês.
Acredito que esse filme mereça ser visto por todos, até mesmo pelos que nem gostam tanto do gênero terror, mas que procuram uma boa obra que brinca com o próprio cinema. Talvez por isso eu me contive nas minhas considerações. Claro que essa obra já se tornou bastante popular devido a sua idade, se tornando um pequeno clássico do gênero dos últimos anos, mas ainda assim é legal assisti-lo de mente aberta porque, com certeza, vão haver surpresas interessantes para se fascinar.

Nota do autor:

Avaliação: 4 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalThe Cabin in the Woods
Lançamento2011
País de OrigemEUA/Canadá
DistribuidoraLions Gate Films
Duração1h35m
DireçãoDrew Goddard

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