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Acossado [Crítica]

Esse é um filme de autor, exemplar de um movimento muito importante, a Nouvelle Vague. Dirigido por um dos principais expoentes do movimento, Jean-Luc Godard, Acossado traz uma trama envolvente que se sustenta por seus diálogos longos e traz uma quebra de regras com o cinema clássico anterior que trouxe influências que ajudaram a estruturar o cinema como o conhecemos hoje.
A trama acompanha Michel, um homem controverso que tenta se livrar das ciladas em que se mete do jeito mais esperto possível, e Patrícia, uma mulher que passeia na sua vida, se tornando a sua grande aspiração amorosa. A história parece simples mais vai se desenvolvendo com diálogos extensos e cheios de conteúdo que dão ao longa uma carga de realidade enorme. O casal central torna isso claro quando está sempre entrando em conflito através das conversas que têm e dos passeios frequentes por Paris. A trilha sonora clássica consegue compor um cenário tradicional que é abruptamente impactado pela quebra das regras clássicas como por exemplo da montagem com jump cuts abruptos e que dão um charme a direção de Godard, se tornando uma de suas marcas. A linguagem dos diálogos carrega a trama e muito do filme depende dessas conversas que também carregam, como todo o filme, sátiras a elementos clássicos de gêneros anteriores do cinema. Muito daqui é reaproveitado do neorrealismo italiano e também até do cinema Noir, mesmo que as expectativas criadas com os elementos utilizados sejam quebradas pelo caminho. Sendo uma espécie de filme experimental e de baixo orçamento, a grande originalidade vem da direção de um jovem autor que é justamente um dos elementos que unem os filmes do movimento da Nouvelle Vague. A trama é cheia de encruzilhadas narrativas que levam os protagonistas para caminhos antagônicos e isso é uma das principais coisas que me deixaram preso a história. Por mais que o clima não seja de tensão, a iminência de que algo vai acontecer a Michel nos deixa curioso para saber onde aquilo vai terminar. O antagonismo que curiosamente mantém unido o casal principal traz algumas boas reflexões sobre o amor e sobre as relações humanas mais primordiais. O filme foi uma boa viagem pela criatividade do autor francês que mesmo não tendo me cativado muito de maneira geral, conseguiu me manter preso aos seus diálogos sem que também me cansasse. Enfim, é uma boa obra e merece seu crédito por ser inovadora e original, quebrando os padrões da época, juntamente com diversos outros expoentes do movimento francês.
Aprecio a ousadia desse cinema e reconheço sua importância e influência em movimentos cinematográficos em todo o mundo. Mesmo não sendo um dos meus filmes clássicos preferidos, posso encontrar vários elementos interessantes e que foram muito bem utilizados aqui criando uma obra bem consistente e que ainda pode ser apreciada nos dias de hoje, com um certo esforço, no meu caso.

Nota do autor:

Avaliação: 2.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalÀ bout de souffle
Lançamento1960
País de OrigemFrança
DistribuidoraMUBI
Duração1h30m
DireçãoJean-Luc Godard

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