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Waking Life [Crítica]

Waking Life é um filme estadunidense que utiliza uma técnica de animação bem peculiar, a rotoscopia. Essa técnica acabou sendo um dos pontos mais acertados pois faz completo sentido com a história que está sendo contada na trama. A união de uma fotografia incomum e abstrata e uma narrativa que aborda temas profundos e inexplorados causa uma catarse de ideias que torna a experiência bem memorável.
A trama acompanha um jovem que sofre de uma mal bastante peculiar: ele não consegue distinguir quando está sonhando e quando está acordado, pois tem sonhos lúcidos que parecem ser reais para ele. No meio disso tudo somos apresentados a um universo bem diferente do comum por causa da sua técnica de animação. A rotoscopia consiste na filmagem de pessoas reais interpretando e após as filmagens, o vídeo é sobreposto por desenhos que vão acompanhando o movimento de cada frame. Isso torna a animação estranhamente realista e ao mesmo tempo surrealista, abstrata. Parece uma pintura em movimento. Essa técnica se conecta perfeitamente a história que é vivenciada pelo protagonista que está em constante dúvida do que está vivendo no momento. Será tudo aquilo um sonho ou sua mera realidade? O que mais me fez gostar desse filme é sua capacidade de viajar levemente pelas cenas que parecem não ter nenhuma conexão de maneira clara, mas que estão todas a serviço das ideias centrais do roteiro. Enquanto permanece em constante dúvida, o jovem protagonista nos apresenta diversos personagens que trazem monólogos muito profundos sobre o que seria o sonho, o que é a vida e a existência humana das mais diversas perspectivas, seja ela social, filosófica, científica, pessoal ou sei lá mais o que se possa imaginar. A abordagem dos pontos chaves vai se dando aos poucos e até mesmo os diálogos mais banais vão se mostrando carregados de significados. A sequência que mais me chamou atenção é quando diversos personagens estão meio que sendo entrevistados e contando sua visão a respeito dos sonhos, mas através dessa premissa acabam tocando em pontos diversos da existência e da vida humana. Alguns apresentam perspectivas mais realistas e outros têm visões mais conceituais. A quantidade de informação e a proposta de interpretação que o filme propõe são surpreendentes. Esse filme me lembrou um pouco “A Viagem de Chihiro”, não por ser uma animação, mas pela forma como ele deve ser encarado. Ambos deixam o espectador interpretar os acontecimentos a sua maneira, dando seus próprios significados e simbolismos a alguns pontos da história, mas acima de tudo, trazendo mensagens profundas e tocantes.
Essa, com certeza, foi uma experiência inesperada. Mesmo que não haja nada que te agrade na narrativa, apenas a animação diferenciada pode ser aproveitada pelos seus sentidos. E mesmo deixando de lado essa técnica, as discussões levantadas aqui são incrivelmente cativantes e interessantes para estarem em um único longa. Esse filme, por vários motivos, foi surpreendente, para mim.

Nota do autor:

Avaliação: 3.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalWaking Life
Lançamento2001
País de OrigemEUA
DistribuidoraSearchlight Pictures
Duração1h39m
DireçãoRichard Linklater

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