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O Encouraçado Potemkin [Crítica]

Clássico do cinema mundial, O Encouraçado Potemkin é um filme russo do diretor Serguei Eisenstein que trouxe grandes inovações principalmente se tratando da montagem cinematográfica, uma área que ele explorou bastante aqui. Mesmo com a distância temporal atrapalhando a imersão algumas vezes, o longa me foi satisfatório trazendo pontos clássicos da “montagem de atrações” e uma mensagem bastante clara que se conecta ao contexto que o filme foi feito, a revolução russa.
A história se passa majoritariamente no navio que dá nome ao filme, o encouraçado Potemkin, onde os marinheiros de baixo escalão se revoltam contra seus comandantes após sofrerem com condições de vida degradantes e um de seus companheiros morrer por causa da comida estragada que recebem. Após tomarem o controle do navio eles buscam o apoio popular na cidade portuária de Odessa, mas a repressão do estado é severa com os moradores locais. Nesse resumo eu não me contive a poucas características da trama, como é de costume, pois, além de ser um clássico com quase 100 anos, a história é essencial para entender qual o simbolismo que ela carrega e o que torna o filme um dos precursores de algumas técnicas do cinema posterior. A trama faz alusão clara a revolução russa e tem como objetivo mostrar à população o poder da revolta popular contra o sistema opressor. No contexto em que foi produzido, o filme serviu também como uma propaganda das ideias socialistas então introduzidos na recém-formada União Soviética. De qualquer maneira, tomando como obra independente do seu contexto, a trama aborda problemas inerentes a diversas outras sociedades e períodos históricos. Assim, é possível observar que o filme traz uma mensagem que pode ser entendida em situações diversas da apresentada. Um ponto que chama a atenção é que o estopim da revolução dos marinheiros do encouraçado nada mais é do que o descaso do dia a dia e não um grande ponto de virada. Apenas a indignação mútua com aquela realidade faz “a população” se unir por um ideal de liberdade coletiva. Mesmo que esses temas possam fazer alusão direta ao comunismo russo do período, a maneira de apresentação é bastante consistente e torna a obra bem correta na execução e na mensagem que conseguiu transmitir através do tempo. Além do movimento que acontece no navio, outro momento importante é quando a revolução alcança também a cidade, onde a população abraça as ideias dos marinheiros revoltosos, mas são duramente reprimidos pelo estado, evidenciando que a mudança é sempre um processo turbulento e complicado. Com tantas mensagens ideológicas fica até complicado falar do grande ponto técnico do filme, sua montagem. Tal ponto é responsável por dar um ritmo até que agradável, mesmo que interrompido por letreiros de fala de vez em quando. A aproximação em enquadramentos de close e a sensação de iminência na sequência final, elucidada pelos cortes rápidos e alternados entre a sala de máquinas do navio e seus canhões são apenas alguns dos exemplos de como a montagem aqui é a parte principal para a história contada, como é visto na teoria de Eisenstein. Vale ressaltar também a belíssima sequência na escadaria de Odessa.
Por tudo que o filme carrega e pela sua grande contribuição com a arte cinematográfica, esse é, pra mim, um clássico até que bem palatável, mesmo nos dias de hoje. Mesmo que não engaje o suficiente para que a experiência seja excepcional, o contexto e as ideias técnicas e narrativas da obra são o suficiente para tornar a experiência minimamente satisfatória.

Nota do autor:

Avaliação: 3 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalBronenosets Potemkin
Lançamento1925
País de OrigemUnião Soviética
DistribuidoraMosfilm
Duração1h15m
DireçãoSergei Eisenstein

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