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A Way Out [Comentário]

Inaugurando uma nova categoria no site Diário dos Filmes e fugindo um pouco (mas só um pouco) do foco principal do site, hoje eu irei tecer comentários a respeito de um jogo que apresenta um foco bem grande na narrativa e por isso fui incumbido de analisar a sua história de uma maneira cinematográfica. O jogo em questão é A Way Out, lançado em 2018. Mesmo focando na história, irei também estabelecer uma nota para sua gameplay e sua característica diferencial de jogabilidade em coop.
Antes de partir para o jogo em si eu gostaria de utilizar esse espaço, como o primeiro post que tem um jogo como foco, para expor minhas opiniões sobre a “10ª arte”. Já comentei anteriormente sobre a série “The Last of Us” que é um produto mais próximo ao cinema por utilizar o formato cinematográfico televisivo, mas que tem toda sua narrativa adaptada do jogo homônimo. Em ambas as mídias essa história se mostrou excelente e ainda pretendo retomá-la futuramente quando a segunda temporada for lançada ou quando eu puder experienciar a mídia original, os dois jogos da franquia. Mas, voltando ao ponto central, acredito que jogos eletrônicos tem tudo pra evoluir como uma mídia altamente narrativa e isso já vem acontecendo. A ideia de criar sua própria história única e interativa é incrível e com as I.A.s isso fica ainda mais fácil. Mesmo assim os jogos ainda abrem espaço para que os diretores criem narrativas fechadas que só mudam a forma como você pode experienciá-las, o que também é muito interessante. Por esses e por outros motivos é que muito provavelmente outros jogos vão aparecer por aqui no futuro.
Partindo agora para o jogo em questão, A Way Out apresenta na trama dois protagonistas, Leo e Vicent, que iniciam sua jornada presos e juntos estabelecem uma relação de cumplicidade na tentativa de escapar da prisão. Antes de jogar eu acreditava que o jogo focava apenas nessa fuga da prisão como o título do game dá a entender. Mas quando você finaliza o jogo é possível estabelecer outros significados para essa expressão do título. Para me aprofundar na história eu tenho que falar antes da jogabilidade única do game que se dá no modo cooperativo em splitscreen, primordialmente. E essa ideia de só poder jogar com outra pessoa dá ao jogo uma boa imersão e relação de companherismo, mesmo que algumas vezes a jogabilidade se torne meio repetitiva em alguns pontos, com uma dependência desnecessária do seu companheiro para continuar por um caminho, por exemplo. Mesmo assim eu não achei o jogo tão fechado de um jeito que incomodasse. A linha narrativa está sempre lá, mas em muitos cenários nós temos a possibilidade de explorar a região e pararmos em muitos minigames divertidos para fugir um pouco do rumo central da história. Outra coisa que me agradou bastante foram os diferentes estilos de gameplay que me surpreenderam ao longo da duração do game. Há como dirigir carros, motos, barcos, fazer tirolesa, escalada, pescar, jogar baseball e até mesmo se equilibrar numa cadeira de rodas, se é que isso faz algum sentido. A questão da tela dividida é muitas vezes utilizada pelo jogo para criar situações completamente diferentes para os dois personagens e isso cria diferentes configurações inusitadas de avançar no jogo. Por essa diversidade, a gameplay ainda se destaca um pouco, mas em geral ela é meio simplória, com puzzles de tempo ou outras coisinhas bem básicas.
Tendo em mente essa cooperação para avançar na história, pra mim foi uma surpresa muito grande quando a trama se desenvolve para além da prisão (para muito além, inclusive) e se aprofunda no background dos dois protagonistas. É interessante a forma como o jogo vai expondo a vida de cada um deles aos poucos, em pequenas conversas ou detalhes dos diálogos que vão surgindo com o tempo. As situações que eles passam juntos ajudam a desenvolver uma relação de companheirismo interessante e as características próprias da personalidade de cada um vão surgindo para dar um pouco de profundidade aos acontecimentos. Outro ponto chave são os momentos em que você pode fazer escolhas importantes, sempre em consenso com a outra pessoa, para os acontecimentos subsequentes, que se baseiam no “estilo” de cada um dos personagens, um mais agressivo e impositivo e o outro mais contido e cauteloso. Mesmo que no fim ambos os caminhos cheguem ao mesmo lugar, é interessante ter que escolher para qual lado ir e deixar de descobrir, inicialmente, qual seria a outra maneira de passar por aquela fase.
Passando por inúmeros cenários, alguns mais amplos e outros mais fechados, os personagens seguem na tentativa de vingança contra um inimigo em comum e armam um plano ousado para conseguir o que planejam desde o começo. Enquanto isso a vida de ambos continua interferindo nessa jornada e mudando os rumos dos dois protagonistas de vez em quando. A história toda se dá num clima de tensão e fuga constantes. Essa questão de ser uma fuga incessante faz sentido com a ideia central do jogo e estabele uma das relações com o título que eu havia citado. Se prestarmos atenção, todo o desenvolvimento do jogo é baseado nessa ideia de uma fuga, mesmo que em alguns momentos os personagens é que se proponham a ir até um determinado local, sempre há um desenrolar que se assemelhe a uma fuga. E os diversos cenários que isso se desenvolve ajudam a deixar o jogo menos monótono, mesmo que a gameplay às vezes seja repetitiva. Um determinado lugar apresenta uma jogabilidade bem engraçada, parecendo uma caçada de gato e rato onde a câmera assume uma perspectiva completamente diferente do restante do jogo. A partir de agora eu vou dar um spoiler importante da história e por isso vou deixar claro que isso pode estragar um pouco a experiência do jogo para quem não conhecia, assim como eu.

__________X__________

Bom. A trama se desenvolve como uma boa história de ação com dois “Rambos” passando por cima de diversos inimigos e desenpenhando várias ações surreais por toda a duração do jogo, com as diferentes formas de jogabilidade que o jogo apresenta, mas quando tudo parecia se encaminhar para um final esperado o jogo nos surpreende mais uma vez com um plot twist. Assim, os dois que estavam o tempo todo tentando se ajudar são colocados frente a frente e só um irá permanecer vivo. É um final bem drástico que tenta ser dramático com várias cutscenes elevando a tensão até o clímax. O mais interessante é que o rumo final que a história vai tomar é estabelecido por um duelo entre os dois players que estavam inicialmente jogando juntos. Essa virada da história me pareceu bem radical para o curso da história, mas pode ser entendida, no final das contas. Como não tem meio termo, acredito que o final do jogo tem chance de desagradar alguns, mas, pelo que foi apresentado, parece ser coerente, mesmo sendo totalmente contrário ao rumo da história anterior a isso. Com esse ponto de ápice dramático inserido de uma forma meio forçada, o jogo termina com uma carga de emoções bem grande e consegue se mostrar como uma boa narrativa cinematográfica, mesmo que não fuja tanto dos clichês de um filme de ação épico em questão de trama, mas com as características interativas de um jogo de videogame as coisas mudam e se transformam numa experiência interessante que vai oferecer algumas horinhas de diversão com seu/sua player 2. E finalmente o título pode ser entendido como a única saída que é a capacidade/mérito de um dos dois personagens para se manter vivo no final de tudo.

Gabriel Santana

Jogabilidade:

Avaliação: 3 de 5.

Narrativa:

Avaliação: 3.5 de 5.

Nota final do autor:

Avaliação: 3.5 de 5.
Título OriginalA Way Out
Lançamento2018
País de OrigemSuécia/EUA
ProdutoraHazelight Studios
DistribuidoraElectronic Arts
Duração≅ 6 a 8 horas
DireçãoJosef Fares

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