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Oppenheimer [Crítica]

Depois de liderar o maior hype do ano, ao lado de “Barbie“, posso afirmar que o meme realmente fez jus às proporções que tomou e ambos os filmes mereceram ser assistidos nos cinemas ao redor do mundo. Desde que vi “Barbie” eu fiquei ansioso para assistir seu “concorrente” e finalmente eu tive tempo para me aventurar nas suas 3 horas de duração. Agora que conheci o mais novo lançamento de Christopher Nolan posso trazer o meu ponto de vista a respeito dessa obra grandiosa.
Na trama temos a interessante história – uma tanto desconhecida para mim – de J. Robert Oppenheimer, o “pai da bomba atômica”. Como o título já nos adianta, temos acesso ao contexto histórico conturbado da Segunda Guerra Mundial e os grandes avanços tecnológicos que foram desenvolvidos à época numa corrida armamentista como nunca antes ocorreu. Além do contexto claro da história da humanidade, o filme é também uma biografia e remonta as passagens mais marcantes da vida do personagem responsável pelo desenvolvimento da bomba atômica. Com uma vida conturbada, contradições e intrigas, a vida desse físico teórico americano é adaptada de um livro para as telas em um filme realmente interessante.
Para começar tenho que admitir que eu gosto bastante de filmes históricos. Históricos no sentido de recontar a história, reconstituir passagens do nosso passado e adicionar mais camadas dramáticas através da linguagem cinematográfica, se assim for necessário. A meu ver, é exatamente isso que Nolan faz aqui. Como eu não sabia coisa alguma a respeito do personagem título até o lançamento desse filme, as únicas coisas que eu tinha noção eram o contesto histórico no qual a obra está inserida e alguns personagens mais célebres que também surgem na trama. De qualquer maneira, esse foi um filme que apresentou um conteúdo realmente inquietante e digno de boas discussões em relação ao passado da humanidade. Tais discussões são possíveis tanto do ponto de vista do espectador, quanto do próprio filme que abraça essas ambiguidades da história. E acredito que esse foi um dos pontos que mais me agradou nessa obra.
Não sei se é apenas uma mania minha, mas eu geralmente finalizo um filme e crio associações com outras obras que me pareceram semelhantes. Às vezes nem tem tanto a ver, mas acho que nesse caso faz algum sentido e gostaria de abordar essas relações aqui. No caso desse longa, houve uma espécie de união entre as minhas experiências com “O Primeiro Homem”, de 2018, e “A Teoria de Tudo”, de 2014. Ambos recontam a história de uma personalidade histórica para a humanidade e o primeiro ainda apresenta um contexto histórico bem complexo e desafiador para o seu protagonista, tanto pessoalmente, como profissionalmente. Foi exatamente o que eu senti com Oppenheimer. Essa mistura ainda proporcionou espaço para uma reconstituição das problemáticas relacionadas ao início da Guerra Fria, com contradições e desconfianças pertinentes ao contexto, o que acaba carregando a trama, de certa forma.
A forma como o protagonista foi retratado foi também um acerto considerável. Suas problemáticas mais particulares em paralelo com os dramas mais complexos da época são alternadas sem dificuldades pelo filme. Na verdade, eles coexistem e essa sensação de que tudo aquilo se intercala dá mais veracidade à trama. Além disso, a maneira poética como, desde o princípio, a direção demonstra as “paranoias” do protagonista foram um ponto que me conectou bastante ao filme. A pressão que ele estava sofrendo, suas ambições, o companheirismo que ele cria com outros personagens, tudo isso é demonstrado com uma perspicácia significativa da direção, além de contar com uma atuação bem consistente de Cillian Murphy. Além dele, acho que nenhum outro personagem me chamou tanto atenção como o Einstein. Suas passagens mais singelas apresentam muito conteúdo a trama e demonstram uma das problemáticas mais marcantes da obra.
Quem foi o culpado pela destruição das bombas? Qual o impacto que isso causou na humanidade? O propósito realmente foi alcançado? Era necessária tamanho genocídio? Esses são apenas alguns dos questionamentos que essa obra deve apresentar ao espectador. Acho importante perceber também que o filme não tenta eximir de culpa quem quer que seja, mesmo apresentando o personagem com um certo protagonismo de herói que se redimi pela seus erros, mas sempre com a consciência pesada pelos seus atos passados. Então tudo isso acrescenta conteúdo para uma trama complexa e cheia de desdobramentos históricos interessantes, sem fugir de uma abordagem pessoal e muito verdadeira.
Os pontos chaves que me fizeram gostar desse filme são, em sua maioria, relacionados ao seu estilo de narrativa, assim como os outros dois filmes citados, mas as mensagens e a maneira poética de transmissão da história também me agradaram muito. Enfim, esta é uma obra que fez jus à sua grande repercussão e deve conseguir alcançar honrarias na próxima temporada de premiações pelos seus méritos técnicos e artísticos excepcionais.

Nota do autor:

Avaliação: 4 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalOppenheimer
Lançamento2023
País de OrigemEUA/Reino Unido
DistribuidoraUniversal Pictures
Duração3h
DireçãoChristopher Nolan

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