Mais recente filme da Pixar, Elementos traz vários elementos de outros filmes que se combinam aqui numa obra que, a meu ver, funciona muito bem. A utilização da fórmula foi bem-feita e por mais que nada de tão surpreendente foi apresentado aqui, toda a trama e os conceitos utilizados são coesos e consistentes, resultando num longa muito divertido e gostosinho de assistir.
A história se passa em um mundo onde os seres vivos são personificações dos elementos da natureza com vida própria. Nesse universo acompanhamos a história de uma família do elemento fogo, que está se mudando para a cidade Elemento, mas que acabam indo parar numa região mais periférica pois não se encaixam nos padrões sociais da tal cidade. Nesse lar em construção nasce Faísca, uma chama que vai nos guiar pelo restante da narrativa. Narrativa essa que usa uma estrutura bem familiar, com um arco de apresentação inicial bem expositivo para nos transportar para o mundo dos elementos. Na trama acompanhamos uma adolescente em processo de descoberta de seus sentimentos que precisa lidar com a pressão de seus pais para ser a sucessora do negócio da família enquanto quer viver aventuras diferentes. No meio disso tudo uma pessoa nova aparece na sua vida, tornando suas escolhas ainda mais difíceis. A história de fato pode parecer previsível, mas os acontecimentos e as peculiaridades desse novo mundo conseguem nos manter entretidos e interessados no que estar para acontecer. A ambientação me lembrou muito “Zootopia”, que inclusive é um filme que eu amo. Talvez isso tenha me ajudado a me conectar ainda mais com a trama. De qualquer forma, os personagens são muito cativantes e o tom leve ajuda na criação dos nossos laços de empatia e afeição. E se tratando de um filme da Pixar é de se esperar mensagens profundas aqui. De certa maneira essas tais mensagens estão sim presentes, mesmo que não sejam tão profundas quanto em outros exemplares da empresa. Porém, mesmo sendo em partes superficiais, acredito que, diferente de outras obras, ao invés de tocar os adultos com a profundidade psicológica dos personagens ou as crianças com a fácil identificação dos sentimentos demonstrados em tela, aqui o filme talvez toque mais os sentimentos de um público mais jovem que está num processo de descoberta e transformação da vida de adolescentes para adultos, onde as responsabilidades começam a surgir e onde as dificuldades de escolher seu próprio futuro começam a atormentar a ainda indecisa mente do ser humano dessa idade. Há ainda outros pontos mais superficiais como a exclusão social de elementos que não estão de acordo com os padrões de uma “sociedade civilizada”, mas o principal elemento aqui é como as diferenças não podem ser levadas como justificativas definitivas para a existência ou não de uma relação. A máxima de que “os opostos se atraem” pode não ser verdadeira o tempo todo, mas dessa mensagem e do que o longa nos apresenta, podemos inferir que são nas diferenças que encontramos nossos complementos. Assim, a nossa busca não é pelo que é semelhante, mas por elementos que nos completam. Mesmo esse não sendo nenhum novo clássico nem para o cinema, nem para o estúdio, acredito que foi um bom acerto que nos trouxe um universo colorido e divertido e com capacidade de ser tocante o suficiente para nos conectar com ele e expor uma singela mensagem acerca das relações humanas mais primordiais.
Acho que talvez minha experiência tenha sido até mais profunda do que o filme se propõe a criar, mas essa é a melhor maneira de se viver um filme. Mesmo com claros elementos “formulaicos” presentes em diversos momentos da narrativa, a construção foi bem-feita o suficiente para que eu esquecesse desses atalhos e imergisse na trama de cabeça. Mesmo não tendo um ar de super diferente ou especial, esse filme é correto o suficiente para ser, ao menos, uma diversão fofa de seus 100 minutos.
Nota do autor:
Gabriel Santana
| Título Original | Elemental |
| Lançamento | 2023 |
| País de Origem | EUA |
| Distribuidora | Disney |
| Duração | 1h41m |
| Direção | Peter Sohn |
Diário dos Filmes 
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