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RRR – Revolta, Rebelião, Revolução [Crítica]

Quebrando com louvor a barreira que existe entre produções asiáticas, mais especificamente produções do gigantesco cinema indiano, RRR chegou com os dois pés na porta, quase que literalmente. Uma aventura com mais de 3 horas que foi muito bem recebida em todos os lugares, levando até o Oscar de Melhor Canção Original, com justiça. Acredito que, pelo tamanho dos feitos alcançados aqui, deveria até ser indicado em mais categorias.
A primeira coisa que eu me encantei foi a construção narrativa. Estou falando isso logo de início porque o filme também começa assim, de maneira ágil e certeira. A história apresenta as ambições de dois personagens que aparentam lutar por objetivos pessoais, mas que estão de lados opostos, mesmo sem saber disso. Quando Raju e Bheem criam um laço de amizade profundo, o destino dos dois acaba se entrelaçando e o choque só leva tempo para acontecer. Essa dualidade é explorada de maneira excelente pelo filme, até com elementos fantásticos para dar um efeito místico de oposição. Algo que me agradou bastante e foi muito bem utilizado. Aliás, fantasia é uma coisa excepcionalmente utilizada aqui. O filme adota de braços abertos o absurdo e isso não tira o seu drama, uma mistura que foi muito bem dosada. Além de toda a ação desenfreada que algumas sequências alucinantes tem, o filme traz também coreografias e danças maravilhosas, exaltando muito bem a cultura retratada. A história consegue, a sua maneira, contar um pouco da opressão sofrida pelos indianos num período de dominação do império inglês. Racismo, violência, opressão, tudo isso, infelizmente foi parte real da história. Mesmo adotando um tom claramente fantasioso, o filme é um importante símbolo de memória para que a dominação imperialista seja sempre vista com o seu devido desprezo. A montagem, os efeitos visuais e a direção conseguem criar várias sequências totalmente loucas e ao mesmo tempo super certeiras, sem nunca deixar-nos sem entender o que está acontecendo. O foco nas cenas nunca é perdido. Um feito incrível para tamanha grandeza de acontecimentos em tela. A história, como eu falei, tem seu lugar e seu tempo para despertar em nós suas várias emoções. O mais interessante, pra mim, foi que metade do filme eu assisti de boca aberta. Impressionado com a quantidade de criatividade para bolar as cenas que eu estava assistindo. Brincadeiras a parte, eu realmente me impressionei com diversos trechos a ponto de ficar desacreditado. Mas não com o que eu estava vendo e sim com o jeito que me foi apresentado. A física maluca, os efeitos surreais e fora da realidade em nada atrapalham a imersão. Pelo contrário. Mesmo que se pareça com o nosso mundo, a suspensão da descrença é tão natural que você acaba se acostumando com as regras daquele universo, sem deixar o filme estranhamente deslocado. Foi realmente uma experiência memorável, com 3 horas de duração e um gostinho de que poderia durar mais.
Essa viagem alucinante, além de entreter, traz mensagens certeiras sobre amizade e união. Tudo isso faz desse filme uma grande obra de arte com temperos um tanto quanto exóticos para nós desse lado do mundo, mostrando que há muita coisa além do que estamos normalmente acostumados.

Nota do autor:

Avaliação: 4.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalRRR (Rise Roar Revolt)
Lançamento2022
País de OrigemÍndia
DistribuidoraNetflix
Duração3h7m
DireçãoS.S. Rajamouli

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