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Tubarão [Crítica]

Clássico de Steven Spielberg, “Tubarão” é um filme que, para mim, envelheceu super bem. Claro que eu já havia ouvido falar muito bem do longa, mas nunca tinha reservado um tempinho para assisti-lo. Agora que a vontade bateu, me sinto muito satisfeito de ter guardado esse tempo para vê-lo, pois acredito que essa foi uma das minhas melhores experiências na revisita à clássicos desse cinema tradicional hollywoodiano.
Na trama, somos ambientados na cidadezinha de Amity que fica localizada em uma ilha. Banhada pelo mar, o local é muito frequentado por turistas nas temporadas de verão e a economia gira em torno das praias como atração principal. Por esse motivo, mesmo com os alertas do chefe de polícia local, que acaba de descobrir recentes ataques de tubarão, as autoridades mantêm as praias abertas aos turistas. No meio dessa insegurança toda, Martin Brody, o chefe da polícia, tenta encontrar formas de alertar a população e as autoridades do perigo enquanto busca um meio de acabar com a ameaça de forma mais radical.
Logo de início, algo que me cativou bastante e chamou minha atenção foi essa ambientação. As peculiaridades do local são perfeitas para exaltar a tensão e explicar certas atitudes que, à primeira vista, parecem certamente idiotas. Claro que em certo ponto isso realmente extrapola os limites do crível, mas se encaixa muito bem com as personalidades dos envolvidos. Falando dos personagens, acredito que em sua maioria todos foram muito bem construídos, por mais que alguns apareçam pouco. Mas, em relação aos três personagens principais, acho que o background deles foi muito bem desenvolvido, com detalhes sendo revelados aos poucos e de maneira natural durante a narrativa. Assim, é fácil se apegar e temer pela vida deles. Obviamente que não se trata de um drama psicológico ou algo do tipo, para que os personagens ganhassem um desenvolvimento maior, mas, dentro do que se espera, é um acerto fabuloso o que temos aqui.
Deixando um pouco de lado o roteiro e partindo para a direção, é incrível como o filme ainda se mantem cativante mesmo depois de quase 50 anos. Pelo menos, essa foi a minha experiência. A direção é ágil nos momentos necessários e têm um dinamismo envolvente que consegue nos deixar atentos e imersos até mesmo em cenas de deslocamento de um cenário para outro. Em várias cenas do filme eu não pude deixar de notar certos enquadramentos que destacam muito bem o objeto de cena com uma sutileza tocante. Nesses momentos é perceptível uma perspicácia diferenciada por parte da direção. E isso tudo sem citar a característica principal do filme, sem nem sequer chegar perto de onde a direção mais se destaca nisso tudo, o próprio tubarão.
E o que falar da trilha sonora então? Acho que não tem nada mais icônico nesse filme do que a trilha sonora marcante do ataque do tubarão. É impressionante como ela consegue nos deixar aflitos mesmo sem estarmos vendo nada. Assumir a perspectiva do assassino, nesse caso, do próprio tubarão embaixo d’água, acaba deixando nossa experiência ainda mais angustiante. Se em “Halloween”, assumimos a perspectiva de Mike Myers logo no início do filme sem sabermos muito bem o que esperar, aqui o perigo já é deixado bem claro desde as primeiras cenas, potencializado ainda mais, como eu falei, pela trilha sonora incrível.
Voltando aos aspectos da direção, sempre ouvi falar bastante que essa produção teve muitas dificuldades pois não havia orçamento suficiente para fazer cenas muito realistas do tubarão da maneira que a direção desejava de início e assim, tiveram que buscar outros meios para transmitir o que era desejado para o filme. E como conseguiram! Como já mencionei, nós, antes mesmo de vermos o animal, sentimos muito bem sua presença e sua ameaça. Tudo bem concatenado entre a trilha e a montagem fazem dos planos desse filme angustiantes e assustadores mesmo só com o atributo da sugestão do perigo. Quando finalmente o bicho aparece, acredito que não tenha perdido tanto assim o impacto por causa do clima gerado antes e principalmente por causa da nossa imersão, mesmo o animal sendo bastante artificial realmente.
Diferente de muitos outros clássicos, esse filme aqui conseguiu me conquistar e minha imersão foi muito grande durante toda a duração. Tanto os cenários, a ambiência e principalmente os personagens foram muito cativantes e suas histórias realmente interessavam. Acredito que, por tudo isso, a minha percepção de tempo tenha sido alterada nessa minha experiência. Para mim, as duas horas do filme passaram muito rápido, o que é bem incomum comigo para obras antigas. O apresso que eu criei pelo filme logo nos primeiros minutos me fizeram admirar essa obra com outros olhos e assim eu me vi pausando algumas vezes para apreciar até mesmo um simples enquadramento.
Só me veio uma coisa à mente quando acabei o filme: isso que é um clássico! Muito pouco ou quase nada desse filme me incomodou de fato. Nada que pudesse estragar minha experiência com ele. As cenas de tensão conseguiram me deixar angustiado e o suspense funcionou perfeitamente comigo. Enfim, para mim, essa é uma obra admirável que conquistou com mérito seu lugar na prateleira dos clássicos do cinema mundial graças a uma ótima execução técnica e artística.

Nota do autor:

Avaliação: 4 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalJaws
Lançamento1975
País de OrigemEUA
DistribuidoraUniversal Pictures
Duração2h4m
DireçãoSteven Spielberg

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