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Resistência [Crítica]

Está aqui um filme que me decepcionou. Desde que eu vi a sinopse e me interessei pela premissa, eu não esperava que o filme fosse tão simplório e desinteressante. É possível enxergar pontos positivos na obra, mas, a meu ver, tudo não passou de um filme bem genérico que se esforça em várias frentes, mas não consegue se tornar cativante em nenhuma delas.
Partindo direto para a premissa interessante, que foi o que me interessou logo no princípio, temos uma história cyberpunk pós-apocalíptica apresentada de uma forma branda. Num futuro em que a inteligência artificial se tornou uma tecnologia predominante no mundo inteiro, uma catástrofe acaba assustando a sociedade ocidental, que se opõe completamente à essa tecnologia e começa a travar uma guerra com o oriente que ainda permite e se utiliza desse avanço. No meio disso tudo, uma história de amor improvável mexe com os rumos de uma operação secreta que tenta desestabilizar os oponentes, os quais estão desenvolvendo uma superarma, que se mostra diferente do que muitos imaginavam.
Perceba que o começo do meu resumo parece mais interessante do que o final. Isso se dá porque a primeira parte foi baseada na sinopse e a segunda no real desenvolvimento da narrativa do filme. Esta última pareceu clichê? Pois bem. Essa obra me pareceu uma enorme mistura de conveniências e clichês com alguns pontinhos de criatividade. Pra ser sincero, o início da história e a contextualização do universo do filme conseguiram gerar um interesse real em mim, mas depois de poucos minutos, muitos pontos negativos começaram a me incomodar. Tudo isso reflete um enredo fraco e simplista, mesmo tentando ser grandioso.
Dos pontos mal encaixados no filme temos uma comédia extremamente fora de tom que não combina com o ar dramático adotado pelo longa. Além disso, mesmo dando tanta importância para o drama pessoal do protagonista, eu achei a trama muito mal desenvolvida. As motivações são fracas e não se explicam bem e a relação entre os personagens é muito falsa. Enfim, nada me cativou na história e partindo daí já fica complicado de gostar do filme sem qualquer apego com nenhum personagem que seja.
Se tem algo que podemos ressaltar como pontos minimamente positivos são os efeitos visuais, talvez o som e até um pouco da ação, mesmo que muita coisa tenha me deixado incomodado até em relação a isso. O universo futurista moderno tem lá seus pontos interessantes também. Mesmo assim, nem nesses pontos eu achei esse filme lá essas coisas. Pra falar a verdade, eu enxerguei tantas conveniências narrativas e clichês que isso me afastou muito da imersão. A partir de um momento do filme eu fiquei apenas observando os acontecimentos sem qualquer ligação com a obra. Quando isso acontece, pode ter certeza de que minha experiência realmente não foi satisfatória. Até mesmo no ponto que eu ressaltei da questão da ficção-científica, muitas coisas me pareceram incongruentes como é o caso da tecnologia díspar que por um lado se mostra muito avançada, mas por outro não é capaz de reproduzir um vídeo com qualidade razoável. Isso são detalhes que eu só percebi pelo minha total emersão no filme e que talvez podem ser relevados por alguém que mantiver o interesse na obra durante toda sua duração.
Mas um ponto que realmente me incomodou, além de todos esses que eu já citei, foi a rivalidade unidimensional, com oponentes com objetivos simplistas, sem qualquer fator interessante para reflexão. Nenhum questionamento filosófico ou disputa de ideias entre os lados. Apenas um “bem versus mal” óbvio e básico. Isso se reflete ainda nas personalidades dos humanos do filme. Além disso, a inteligência artificial tão exaltada na trama não serve para nada além de um manequim para a espécie humana, sem nenhuma outra questão teórica sobre essa possível relação futura com as máquinas. Pra finalizar, a conclusão que tenta ter um apelo dramático súbito não surtiu qualquer efeito comigo já que o protagonista não me cativou e assim minha empatia ficou prejudicada no filme.
Enfim, pra mim essa foi uma experiência bem entediante. Nada realmente me prendeu ou agradou. Se eu tivesse esse costume, eu poderia muito bem abandoná-lo na metade, mas como eu sempre dou ao filme todas as chances de se provar interessante, até o último minuto, eu permaneci até o final aguardando algo que me surpreendesse, o que não foi o caso com “Resistência”. Mesmo assim, sempre ressalto que para outras pessoas que conseguirem se conectar ao filme, essa pode ser uma “aventurinha” razoável, mesmo não sendo tão original no final das contas.

Nota do autor:

Avaliação: 1.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalThe Creator
Lançamento2023
País de OrigemEUA/Tailândia
Distribuidora20th Century Studios
Duração2h13m
DireçãoGareth Edwards

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