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Homem-Aranha – Através do Aranhaverso [Crítica]

A continuação da obra de 2018, que já se tornou um clássico recente da animação, trouxe aos cinemas uma expansão surreal para o multiverso da franquia. “Homem-Aranha – Através do Aranhaverso” é uma continuação à altura e que promete ainda mais para o futuro, se bastando como obra independente, mesmo sendo uma “parte um” do desfecho principal. Muita coisa dessa obra me encantou, assim como o primeiro longa, e, mesmo com algumas arestas, nada realmente me incomodou, colocando esse filme no mesmo patamar do original.
Mesmo um bom tempo depois da união de “miranhas” para salvar a Terra 1610 e da realocação dos heróis em seus respectivos universos, a conexão criada entre eles não foi quebrada e nem esquecida. Quando algo estranho começa a acontecer no mundo da Mulher-Aranha, Gwen Stacy, ela acaba entrando em contato com uma organização inusitada e decide ingressar nela. Aproveitando a oportunidade de uma investigação naquele universo, Gwen faz uma visitinha ao mundo de Miles e juntos eles reacendem a relação desenvolvida há tempos atrás. Entretanto, o que parecia apenas mais um problema pontual que os miranhas estavam solucionando, por um descuido, acaba escalonando para um desequilíbrio multiversal que tem por causa algo surpreendente.
Na obra mais recente a animação continua impecável, o que não poderia ser diferente. O estilo cartunesco ganha novas versões, com a narrativa se espalhando pelas tantas realidades que o filme expõe. O padrão do mais e maior das continuações, aqui, ganha um expoente nos desenhos dos diversos novos personagens. E quando eu falo diversos, são muitos mesmo. Assim, os animadores tiveram a chance de trabalhar com as mais diversas formas e versões possíveis do “miranha”. Com a minha adaptação a essa animação desde o primeiro filme, os meus sentidos se maravilharam mais uma vez com a beleza do segundo filme. Acredito que só uma coisa me incomodou um pouco nesse filme que foi a ação meio caótica de algumas cenas que me deixou um pouco desnorteado, mas nada que me fizesse perder o foco na narrativa, em si.
Na trama, a principal vertente dramática vem do amadurecimento pessoal, mas dessa vez com dois focos narrativos. Agora temos dois arcos interessantes que acabam se unindo facilmente por uma apresentação cativante. O desenvolvimento da relação do Miles e da Gwen me pareceu tão meiga e fofa que me prendeu facilmente desde o início do filme. Além disso, toda a relação familiar desse filme acaba traduzindo os dramas da adolescência para um contexto hiperbólico, mas muito tocante. A liberdade também é algo muito bem abordado no longa, com uma discussão interessante sobre a independência na adolescência e um debate sobre o futuro.
O tom e a dinâmica dessa obra me pareceram ainda mais caóticos do que a primeira. Pudera, já que esse filme expande os horizontes de uma maneira exorbitante. A ação é criativa e os novos milhares de personagens são bem utilizados para extrair cenas atraentes e desfechos cômicos. Com tantos personagens diversos, a comédia foi muito bem inserida com tanta naturalidade que o drama que poderia se tornar desgastante é amenizado pelo ritmo frenético da ação e da comédia. O “drama” familiar e a relação amorosa desse filme me conquistaram desde o princípio. A dinâmica dos personagens secundários traz ainda camadas interessantes para os protagonistas e se relacionam de maneira crível e bem real para um filme com um enredo tão alucinante. Até mesmo os outros variantes trazem boas recordações do filme passado para agregar ao desenrolar dessa e da futura obra.
Porém, uma das coisas que mais me agradaram nesse filme aqui é que ele serve como uma ótima “parte um” e nem por isso deixa de se fechar em si mesmo. O arco apresentado aqui é sim deixado aberto, mas o plot interno é capaz de surpreender, apresentando uma jornada interna de desenvolvimento dos personagens, mesmo sem deixar de criar um hype enorme para a conclusão dessa obra. Não me lembro de um filme que tenha terminado de um jeito mais engajante e cativante, numa promessa enorme para o futuro título dessa franquia.
Para finalizar, é inegável que aqui nos deparamos com uma continuação realmente competente que tinha uma função duplamente complicada nas mãos. Além de ter a expectativa criada pelo primeiro filme, que foi aclamado por todos, o filme ainda tinha a função de se apresentar como um grande ato de apresentação para a obra seguinte. Mesmo com essas duas grandes exigências, o longa se mostra hábil para as suas duas atribuições. E mais, foi capaz de deixar claro de uma vez por todas uma coisa: o Aranhaverso é real.

Nota do autor:

Avaliação: 4 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalSpider-Man: Across the Spider-Verse
Lançamento2023
País de OrigemEUA
DistribuidoraColumbia Pictures
Duração2h20m
DireçãoJoaquim Dos Santos, Kemp Powers, Justin K. Thompson

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